terça-feira, 29 de dezembro de 2009

D'o Equilibrista

Se a poesia e a obsessão fossem dois picos próximos, haveria uma linha ténue a ligar ambos os topos.

E eu? Eu seria um equilibrista de vara na mão. Cuidadosamente a forçar o meu caminho para o lado da poesia, mas quanto mais avançava mais o vento me empurrava para a obsessão.

A poesia - não falo de poemas, falo de palavras regadas com intensidade extra, a deixar adivinhar por trás do vestido de linho a carne endiabrada do amor - esta poesia... Esta poesia que para o bem e para o mal é crua e sincera. E é sobre uma vida que existe, de alguém que acorda e trabalha e faz coisas que nada têem a ver com palavras alinhadas sem um objectivo sócio-funcional.
É sobre uma vida que não hesita em rotular o sonhador de louco, o poeta de assustador e o amor de obsessão. Chegando a temer o próprio acto de ver descrita numa obra de arte a sua vida tipicamente banal.

Provavelmente temendo que esta chegue a livro e seja arrumada numa prateleira juntamente com tantas vidas que para ali tenho.




A

1 comentário:

  1. Espectacular...e poesia é isso mesmo são "palavras regadas com intensidade extra" gostei =)

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